As cientistas mulheres, estereótipos e quebra de paradigmas
Empoderamento feminino esteve em pauta em uma das práticas vencedoras do Concurso Cultural Ler e Pensar 2017
Já perguntou para uma criança como é um cientista? Muito provavelmente a resposta será: um homem idoso, de bigode branco, vestindo um jaleco branco, em um laboratório, mexendo em tubos de ensaio. Não se espante se essa também é a imagem que vem a sua cabeça quando pensa na profissão. Esta imagem está internalizada em nós, em partes por imagens dos livros didáticos, em partes pela mídia que representa os cientistas como senhores bigodudos da década de 30.
A professora Flávia Renata Chaves da Silva, da EM Cei do expedicionário, em Curitiba, se deparou com a quebra desse estereótipo quando leu a reportagem “Cientistas, espiãs, inventoras: 25 mulheres maravilhosas que mudaram o mundo”, publicada na Gazeta do Povo. Ela resolveu levar a temática para dentro da sala de aula e instigar as crianças do 2º ano a pensar sobre profissão e gênero. Essa prática lhe rendeu uma premiação no Concurso Cultural Ler e Pensar 2017.
Pesquisa
Flávia lançou o questionamento para a turma e a respostas das crianças não foi diferente da do senso comum. Para que elas começassem a ver as coisas de outra maneira, Flávia e seus alunos leram a matéria publicada pela Gazeta em sala e depois veio a lição de casa: pesquisar, junto com a família, invenções feitas por mulheres. A tarefa foi cumprida com êxito e as crianças trouxeram ótimas referencias de objetos inventados, como por exemplo, a seringa, o bote salva-vidas, a champanhe e até mesmo o limpador de para-brisa.
Algumas mães vieram conversar com Flávia, pois estavam surpresas com a repercussão da tarefa. As crianças começaram a perceber que outras profissões e possibilidades para além daquelas que tinham como referência dentro de casa. Então, a professora aproveitou para discutir essa abordagem em sala, explorando questões sobre a mulher no mercado de trabalho e o histórico de preconceito sofrido pelas mulheres ao longo dos séculos, como a falta de reconhecimento e a busca por direitos iguais.
Eu também posso ser cientista
Para finalizar com chave de ouro, a professora Flávia se inscreveu em um projeto da Secretaria Municipal de Educação, em parceria com a Universidade Federal do Paraná, para levar pesquisadores até as escolas municipais. Qual foi a surpresa das crianças quando chegam à escola três cientistas, um homem e duas mulheres, munidos de diversos equipamentos e prontos para tirar muitas dúvidas e fazer experiências.
Em uma série de podcasts publicados pela turma, fica a mensagem das crianças, de que é possível que as meninas estudem e se tornem cientistas e que os homens precisam aprender a valorizar as mulheres no mercado de trabalho. Conscientes de suas possibilidades, observando as cientistas na prática e tirando dúvidas, meninas e meninos podem vislumbrar novas alternativas de futuro. “Eu aprendi que não só os homens são cientistas, as mulheres também são e inventaram muitas coisas legais”, afirmou a aluna Yasmin, que respondeu, ao ser questionada pela professora, que quando crescer quer ser cientista, pois achou a profissão muito legal.[gt3_sharing sharing_label=”Compartilhe em suas redes sociais!” sharing_alignment=”center”]
