Nem tudo que é bom faz bem: um chamado à reeducação alimentar

Após mais de sete anos se alimentado apenas de alimentos processados, em especial batatinhas chips e pão branco, um adolescente do Reino Unido foi diagnosticado cego, como conta matéria da Gazeta do Povo. Segundo o relatório publicado pelo Annals of Internal Medicine, o garoto era adepto a esta dieta com poucas variações de alimentos, o que pode ter afetado o seu sistema nervoso.
Aos 15 anos ele começou a ter sua audição prejudicada e em seguida sua visão também foi se deteriorando. Além desses retrocessos na saúde, o jovem apresentou baixos teores de densidade mineral óssea, cobre, selênio e vitamina D e altos de zinco.
Apesar de incomum o diagnóstico do adolescente, “neuropatia óptica de origem nutricional e transtorno restritivo da ingestão de alimentos”, os médicos que estudaram o caso disseram esperar que a situação “sirva como uma advertência, levando à inclusão generalizada da história da dieta em exames clínicos de rotina”. Sabendo da importância de bons hábitos alimentares, que tal aproveitar a nossa dica para trabalhar o assunto em sala de aula?
Com a mídia: Uma das habilidades da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), encontrada no eixo temático vida e evolução de ciências, prevê: “discutir a ocorrência de distúrbios nutricionais (como obesidade, subnutrição etc.) entre crianças e jovens a partir da análise de seus hábitos (tipos e quantidade de alimento ingerido, prática de atividade física etc.)”. Pensando nisso, a partir da leitura da notícia proponha uma reflexão com a turma numa conversa sobre o tipo de alimentação que a população (principalmente a infantil) tem sido adepta. Conduza a discussão, com perguntas direcionadas como: “será que é possível ter uma alimentação saudável? ”, “o que significa ter uma boa alimentação? ”, “por que ter uma refeição com alimentos variados é importante? ”.
Após esse levantamento de hipóteses, se possível, assistam ao documentário “Muito além do peso”, o qual aborda questões importantes referentes a obesidade infantil e como isso tem afetado cerca de 33% das crianças no Brasil e as diversas consequências na saúde delas. Ainda, dando prosseguimento na contextualização da temática acesse com os alunos o site do Ministério da Saúde, que trata sobre doenças transmitidas por alimentos. E em pequenos grupos discutam estes dados, encontrados em fontes confiáveis, fazendo apresentações sobre os distúrbios, considerando: sintomas, tratamento e prevenção.
Esse também é o momento perfeito para conhecer também a pirâmide alimentar e entender por que os alimentos estão dispostos daquela forma. Como apoio para toda a discussão, utilizem a pirâmide alimentar elaborada pelo departamento de Nutrologia, da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
Links úteis:
Documentário Muito Além do Peso
Guia Ministério da Saúde
Aplicativo Desrotulando
Pirâmide Alimentar da SBP
Para a mídia: Antecipadamente, peça para os alunos que tragam à sala de aula rótulos e embalagens de variados tipos de alimentos consumidos por eles. Em seguida, analisem juntos os valores nutricionais de cada um, construam uma tabela contendo o nível de açúcar, proteínas, gorduras saturadas, gorduras totais, cálcio, ferro, sódio, carboidratos e fibras e os classifique de forma decrescente. Para essa atividade, se houver a possibilidade, você pode utilizar o Excel, ou algum programa parecido, que possibilite ir demonstrando o comparativo num gráfico assim que insere os valores.
Traga para a sala de aula também os valores nutricionais contidos nos alimentos naturais, e os compare com os alimentos industrializados, buscando questionar as crianças porque esses alimentos são tão diferentes. Aproveite o momento para expor os conceitos de alimentos in natura, minimamente processados, processados e ultraprocessados.
Observem com atenção os rótulos trazidos e questione os alunos: as informações nutricionais “combinam” com o que aparece na embalagem? Por exemplo, em uma caixinha de suco é normal aparecerem muitas frutas, mas elas aparecem na mesma proporção na lista de ingredientes?
Apresente aos alunos o aplicativo “Desrotulando”, o qual classifica os alimentos em excelente, razoável, regular, bom, ruim e muito ruim, levando em consideração as suas propriedades nutricionais. Explorem o app, buscando encontrar alguns dos rótulos trazidos por eles e então, inspirados pelas classificações, criem uma escala de “boas escolhas” da própria turma, separando as embalagens trazidas de acordo com a qualidade nutricional do alimento.
Incentive seus alunos a sempre se questionarem na hora da aquisição de cada produto, contribuindo para uma nova cultura alimentar, pautada em escolhas mais conscientes, para isso, elaborem coletivamente uma lista de perguntas a serem respondidas sempre que forem escolher um alimento.
Pela mídia: Com base nas descobertas anteriores, separe a turma em grupos para que possam pesquisar, junto com familiares e em sites de busca, receitas fáceis de elaborar com os ingredientes mais nutritivos da tabela. Peça para que deem preferência a alimentos naturais, ou seja, não industrializados.
Tragam as receitas para a escola e então permita que cada grupo tenha o seu dia para preparar algum dos pratos. Gravem o processo, criando vídeos no formato tutorial, para serem postados em alguma rede social, divulgando a aprendizagem. Outra ideia é propor uma feira gastronômica de modo que a escola e a comunidade possam saborear cada receita feita.
Essa atividade compreende o que a BNCC propõe na área de Ciências da Natureza, Unidade Temática Vida e Evolução para a habilidade: “organizar um cardápio equilibrado com base nas características dos grupos alimentares (nutrientes e calorias) e nas necessidades individuais (atividades realizadas, idade, sexo etc.) para a manutenção da saúde do organismo” – (EF05CI08).
Texto produzido pelos seguintes alunos do 3º ano do curso de Pedagogia da Universidade Positivo, parceiros do Projeto Ler e Pensar Joyce Rosa da Costa, Laís Fernanda Mariano, Maria Lethícia Tamaio Leite de Lima, Nilson Bispo de Jesus Jr, Rasna Leal Macedo, com orientação da professora Patrícia Romagnani.

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